Em dezembro, nossa Diretora Técnica de Saúde do IBA, Raquel Marimon, esteve ao lado de @Mauricio Cepeda e @Pedro Caravina, analistas de Healthcare do @Credit Suisse Brasil, em um encontro promovido pelo banco para um seleto grupo de investidores institucionais. O grupo estava interessado em compreender as pressões econômicas sobre os planos de saúde, as mudanças regulatórias em debate quanto a alteração de necessidade de capital e provisões, assim como os impactos na recente alteração legislativa acerca do rol de procedimentos.
Na análise da Advisor, especialista no segmento, as medidas possíveis indicadas pela ANS como a não exigência de Margem de Solvência nos meses finais do ano, possibilidade de redução de exigência de ativos garantidores, entre outras são medidas paliativas que pouco contribuem para o reequilíbrio do setor. A especialista observa que embora em 2020 e 2021 o setor tenha apresentado resultado econômico positivo, alcançando em 2020 a Margem de Lucro Líquida acima de 7,5%, enquanto o ROE foi de 18,5% em 2020 caindo para 3,35% no ano seguinte, 2022 vem se anunciando como o ano do rebote. O resultado do segundo trimestre indica margem negativa e prenúncio, que vem a ser uma combinação da tempestade perfeita: demanda reprimida durante o período de isolamento social, aumento da incidência de tratamentos da saúde mental, sequelas pós covid, tratamentos mais onerosos em razão do diagnóstico tardio e franca ampliação de coberturas sem a contrapartida respectiva (rol de procedimentos, Lei 14.307 e 14.454).
Embora o cenário não pareça animador, a diretora ainda acredita que o mercado encontrará seu caminho para a sobrevivência, o que poderá significar uma maior concentração, preços mais elevados e redução taxa de cobertura (percentual da população com planos privados de saúde).
Soluções mais definitivas devem partir da discussão do marco regulatório e em especial da regulação de aspectos que estão ao alcance do órgão regulador, como por exemplo a revisão técnica, o reajuste individualizado por operadora para os planos individuais e a possibilidade de planos de cobertura genuinamente ambulatoriais como exames básicos e consultas. Criar soluções para que mais pessoas tenham acesso a planos de saúde passa, inevitavelmente, por estas discussões.
Aproveito a oportunidade para adicionar mais uma informação que me ocorreu a posteriori: o PL das Operadoras precisa alcançar uma marca mínima, anteriormente proporcional aos sinistros ou faturamento (Margem de Solvência), atualmente proporcional aos riscos assumidos. O fato é que de 2018 para cá o mercado passou de um PL (total) de 72 bi para 115 bi, fazendo com que o ROE seja fortemente pressionado pela exigência de maior capital. Este movimento encerra seu ciclo em 2022. Assim, é esperado que o PL do mercado permaneça em torno dos valores atuais, o que significa uma pressão a menos no segmento. Ainda assim, com taxa básica de juros no patamar atual, acredito que no curto prazo haverá menos operações de M&A.